APRESENTAÇÃO
Neste artigo, propomo-nos a revisitar a economia política da dependência, tomando como eixo os debates relacionados à obra de Ruy Mauro Marini. Um dos principais temas de destaque da economia política latino-americana foi a existência ou não de leis específicas do capitalismo dependente, em particular quanto à pertinência dos conceitos de superexploração do trabalho e de subimperialismo. Buscamos, a partir de um balanço crítico da obra desse autor e das polêmicas por ela suscitadas, reformular alguns de seus conceitos, contribuindo para atualizar a teoria marxista da dependência como um instrumento de análise do capitalismo contemporâneo e das formas históricas que assumiu na América Latina.
Na primeira parte, apontamos os principais conceitos formulados por Marini na elaboração de uma economia política da dependência, contemplando sua extensão ao capitalismo central, defendida pelo autor a partir da globalização do padrão de acumulação neoliberal. Na segunda parte, apresentamos algumas das principais críticas que seu enfoque sofreu, tanto as oriundas do desenvolvimentismo em seus diversos matizes quanto aquelas formuladas dentro da própria teoria marxista da dependência. Na terceira parte, interpelamos a obra de Marini a partir do diálogo com essas críticas, sustentando seu enfoque a partir de reformulações que consideramos indispensáveis para seu desenvolvimento e atualização histórica. |