Re: Incompreensão entre línguas (espanhol e português) | |
Julio e demais colegas, saudações. Julio, penso que sua preocupação seja legítima. Desde 2002, tenho lido Filosofia da Libertação, em 2008, decidi no TCC da graduação em Filosofia traduzir uma obra introdutória ao pensamento de Enrique Dussel (http://hamatos.wordpress.com/materiais-gratuitos-sobre-filosofia-latino-americana-e-brasileira/introducao-ao-pensamento-de-dussel-revisado/), basicamente por este motivo, mas também por outro, a saber: Muitas pessoas começam a ler Enrique Dussel ou outros filósofos da libertação e latino-americanos por suas obras mais atuais e deixam a desejar, a meu ver, na interpretação de muitos conceitos que têm seus pressupostos em obras anteriores, de fundamentação. Discordo da solução que apontas. O ideal, seria que nos entendessemos cada um em sua língua e isso não fosse barreira. Que eu fale em português e seja entendido em toda hispanoamerica. E que eles possam vir aqui e serem entendidos em sua língua. Bem como os falantes de inglês, francês, chinês e de alemão... Entretanto, apesar de o mundo ser globalizado, a educação não o é. E a própria globalização neste modelo de sociedade, é desigual. É para dominantes e dominados. Centro e Periferia. Assim sendo, apesar de termos o espanhol como nossa segunda língua oficial, obrigatória na educação básica, não temos esta prática. Não estão ensinando sequer a língua portuguesa nas escolas. Como exigir que aprendam outros idiomas? Acentuando o problema que apontas, vejo a grande maioria dos filósofos, filósofas, intelectuais... não importando-se com a educação básica de nosso país. Simplesmente ignorando o problema e perpetuando a herança eurocêntrica da filosofia, mesmo sob o título de libertação, ou latino-americana. Preocupados com terminologias e minúcias, analiticamente e sistematicamente importando-se com problemas de esfera hiper-metafísicas quando problemas existenciais nos assolam e impedem, por exemplo, que tenhamos as condições de possibilidades de um mínimo filosofar autêntico. Assim, ressalto: a problemática da incompreensão do espanhol é um problema e devemos estudá-los e além da detecção do problema, criar condições de possibilidades de resoluções. Sempre trabalho textos em espanhol com discentes em todas as disciplinas que dou, atualmente: Antropologia Filosófica, Ética e Filosofia Latino-Americana (todas em perspectiva de libertação). Sei - porque pergunto exaustivamente a el@s- que até aqui, todos discentes que têm aula comigo, se quiserem, têm a condição de possibilidade de entender minimamente uma conferência em espanhol. Entretanto, acentuo: não é um dos maiores problemas que temos a pensar e criar caminhos para resolução, na educação básica de nosso país. Para quem leu as obras introdutórias de um Dussel (para não citar Lévinas), por exemplo a que indiquei acima, bem sabem que a compreensão total de qualquer coisa é impossível. Penso que até aqui, vale a máxima: quando tiver dúvida e interesse em esclarecê-la, pergunte. E a possibilidade de esclarecimento deve ser dada. Isso creio ter sido realizado bem no congresso. A mim, me basta que sejam garantidas estas condições e cada um que fale fique livre para falar no idioma que quiser, dadas as possibilidades de esclarecimentos e mínima comunicação possível do que se fala. Cada um se interessará mais em determinados temas de acordo com seu interesse. Estas falas de congresso, acredito serem, para divulgar temas de pesquisas pessoais e de grupos. Não se pretende, espero, que se compreenda temáticas complexas como costumam ser, em sua totalidade. A opção por diversas falas sobre diversas temáticas, penso ser essencial, não importando o idioma. Pois despertará os interesses já existentes nas pessoas. Bom, não sei se me fiz entender, me coloco à disposição para continuarmos pensando isso, proponho, inclusive, que se crie um grupo de estudos de espanhol e este crie materiais didáticos para todos os grupos aqui presentes e quiçá que possamos possibilitar acesso a estes na rede, abertamente. Mas...Temos as condições de possibilidade para isso? Um abraço a tod@s! Continuemos as conversas... |